(...)
A entrada da cidade
onde fizeram o cais,
á direita está o Pilar
onde botam os sinais.
Á frente vai o caminho
do porto atravessado,
que vai ter direito à praça,
ao açougue e ao mercado.
À esquerda ‘sta linda obra
(‘sta feita à vontade minha)
basta ela ter o nome
praça da nossa Rainha.
Ávante tem cinco fontes
mesmo pela natureza;
em cima delas está
Palácio da Fortaleza.
Está muito bem construído
com as suas bocas ao mar;
é aqui a residência
do Comando Militar.
Á direita as Obras Públicas
onde há senhores de bem,
mas trabalhos do Estado
bem poucos o Norte tem.
Mais àvante está o Passeio
colocado mesmo em frente,
onde se vê a passear
muita pessoa decente.
Á esquerda está o jardim
que é o recreio do Funchal,
foi feito pela Senhora
Câmara Municipal.
Na frente tem o Teatro
na mesma localidade,
é um edifício bonito
que dá importância à cidade.
Á direita está a Sé,
a casa da oração,
onde a gente vai orar
p´ra tratar da salvação.
A igreja é nossa mãe
na portuguesa nação.
Está em frente do Passeio
esta bela Catedral,
mais adiante se encontra
o Banco de Portugal…
Entre as casas do Estado
e da Câmara Municipal,
há outras mais importantes
do comércio do Funchal
O primeiro negociante
que é homem muito feliz,
tem a sua casa em frente
do Largo do Chafariz.
O nome deste senhor,
deste nobre cidadão,
está escrito em sua casa
num renque de guarnição.
Sabemos na nossa ilha,
sabem todos em geral,
que é a “Casa Portuguesa”
a “Grandela” do Funchal.
Nos seus enormes depósitos
tem força de capitais,
de fazendas estrangeiras
e também nacionais,
desde o pano cru do pobre
até aos finos diagonais.
E quem comprar nesta casa
pode ter toda a certeza
que encontra fazenda fina
de extrema baratesa;
é p´lo pessoal tratado
com toda a delicadeza,
quer seja pessoa nobre
ou quer seja camponesa.
É por isso que esta casa
com enorme freguesia,
armazéns e pessoal
aumenta de dia a dia.
E então centos d´adelos,
que correm a ilha inteira,
fornecem-se n´esta casa,
a primeira da Madeira.
Temos o “Bazar do Povo”,
poucos passos adiante…
loja de quinquilherias
é esta a mais importante.
Entrar no estab´lecimento
tão belamente sortido
é, sim, da gente ficar
mesmo com queixo caído.
E pela escada-caracol,
quem subir ao outro andar
é que vê maquinismos
tudo ali a funcionar:
máquinas de tirar retratos,
outras máquinas de cortar,
umas de imprimir livros
e outras de perfurar.
artigos ali em depósito
não se pode numerar.
P´ra se poder descrever
o que ali vai em cabedal
era preciso um bom livro
muito maior c’ um missal.
É, assim, o “Bazar do Povo”
o que mais fregueses tem
porque vende mais barato
servindo a todos bem.
Nunca havíamos de pensar
dentro da nossa cidade
haver iluminação
por meio d´electricidade,
que hoje está funcionando
com rica claridade!
Até o povo do Norte
está todo mais contente,
devido à Senhora Câmara
e ao ilustre presidente.
Câmaras assim, meus senhores,
com boa administração,
tendo bons vereadores
importância à ilha dão
e ganho aos trabalhadores.
E as freguezias visinhas
ficam com amior valor;
São Pedro e Santa Luzia
e Santa Maria Maior
e as outras freguesias
que lhe ficam ao redor…
E ainda não falámos
num jardim de maravilha,
que é a floresta do Monte
a Sintra da nossa ilha;
o Monte está num jardim,
tem ali belos recreios
com calçadinhas bem feitas,
com bancadas e passeios.
Até o largo da Fonte,
onde está Nossa Senhora,
foi transformada de novo,
ficando mais belo agora.
Mas a esta freguezia
o que lhe dá maior valor
é a simpática companhia
do Comboio-Elevador.
Meus senhores, na verdade,
aquilo é um grande invento!
Estar a gente na cidade
e ir ao Monte num momento!
Foi p´ra nossa ilha inteira
um grande melhoramento!
Tem toda a nossa Madeira
muito encanto e boniteza
tanto em muitas obras d’ arte
como nas da Natureza.
Medidas pelos antigos,
por gente de entendimento:
tem nove léguas de largo,
dezoito de comprimento.
Eu quero lá explicar;
os senhores notem bem:
freguesias quarenta e oito
que a nossa Madeira tem;
todas as quarenta e oito
por elas eu já passei;
o norte apenas tem doze
e o Sul tem trinta e seis.
O mais alto desta ilha
é a montanha mui forte,
é o alto do Pico Ruivo
que divide o Sul do Norte.
Agora vou terminar
que julgo não ser preciso
dizer mais, p´ra demonstrar,
que a Madeira é um paraíso.