Desastre nu: peça em quatro episódios. p.33
António Manuel de Sousa Aragão Mendes Correia nasceu a 22 de Setembro de 1921
Filho de Henrique Agostinho Aragão Mendes Correia e de Maria José de Sousa.
Frequentou o Liceu Jaime Moniz, a Escola Superior de Belas Artes e licenciou-se
Através da sua escrita, participou em concursos nacionais e regionais. Em 1946 ganhou o 2º prémio dos Jogos Florais da Madeira com o poema: “Presentemente”.
Na pintura realizou, no continente e na região, algumas exposições.
Desde 1972 até à década de 80 foi director do Arquivo Regional da Madeira, anteriormente designado Arquivo Distrital do Funchal. Fez parte da comissão directiva da Quinta das Cruzes, foi também professor da cadeira de História da Arte na Academia de Música e Belas-artes da Madeira
Casou com Estela Teixeira da Fonte.
Fez a ilustração da obra Canhenhos da Ilha, da autoria de Horácio Bento Gouveia. Ver algumas imagens [wmv] 524 KB.
Faleceu no dia 11 de Agosto de 2008.
Tem uma vasta obra publicada. Entre monografias e analíticos, a BMF possui deste escritor as seguintes entradas:
- Alguns tópicos para a classificação urbanística da Madeira. Islenha. Nº 9
Funchal: DRAC, Jul.-Dez.1991. P 21-31.
- A Madeira vista por estrangeiros: 1455-1700. Funchal : Secretaria Regional da Educação e Cultura. Direcção Regional dos Assuntos Culturais, 1981.
- António de Carvalhal Esmeralda «Aonio»: desconhecido e inspirado poeta madeirense que viveu na época de seiscentos: o mais antigo manuscrito de poesia insular que se conhece. Das artes e da História da Madeira. Funchal: Sociedade de Concertos da Madeira, 1964. p. 33-35.
-Desastre nu: peça de teatro em quatro episódios. Lisboa: Moraes, 1981.
- Um buraco na boca: romance. Funchal: Livros CF, 1971.
- O Museu da Quinta das Cruzes. Funchal: Junta Geral do Distrito Autónomo, 1970.
- Para a história do Funchal: pequenos passos da sua memória. Funchal: Direcção Regional dos Assuntos Culturais, 1979.
- Arquipélago: poesia. Funchal: Eco do Funchal, 1952. Ver autógrafos dos vários autores.
- Pelourinhos da Madeira. Funchal: 1959.
- Estabelecimentos culturais do Funchal. Panorama: revista portuguesa de arte e turismo. Lisboa: s.n., 1954. p. [48-49].
Ler alguns poemas [PDF] 652 KB
Além dos artigos nos periódicos regionais e do post de Nelson Veríssimo (passosnacalcada.wordpress.com/2008/08/12/antonio-aragao/) poderá ainda ler sobre este autor:
DIONÍSIO, Fátima Pitta – O Experimentalismo
BERNARDES, Lília; FREITAS, Eduardo de – António Aragão: evocação equívoca da ilha. DN-Revista. Funchal: Diário de Notícias. (3 Mar. ) 1991. P. 6-7 (Entrevista a propósito de uma exposição de pintura, inaugurada no dia 5 de Março de 1991, na Galeria Porta 33)
Bibliografia:
CLODE, Luís Peter – Registo bio-bibliográfico de madeirenses: sécs. XIX e XX. Funchal: Caixa Económica do Funchal, [1983]. p.311.
Imagem de pequena colectânea recolhida por Florival de Passos. Não há indicações da fonte.
Foi recentemente lançado o livro: Madeira: arca de tesouros, da autoria de Fátima Veríssimo, e editado pela Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal.
São quatro histórias de temática ambiental, ilustradas por Elisabete Henriques; Eugénio Santos; Nélia Susana e Sónia Dória.
No convite para o lançamento do livro, o presidente da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, Raimundo Quintal, refere que este "revela de forma bastante expressiva alguns dos aspectos mais relevantes do património natural da Madeira e incentiva às boas práticas ambientais."
A partir de hoje poderá lê-lo na nossa biblioteca.
Júlio Dinis (1839-1871), pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho. Esteve na Madeira três vezes entre 1869-1871.
Estátua da autoria de Ricardo Velosa (1996).
Casa onde morou Júlio Dinis.
Excerto de uma carta escrita a José Pedro da Costa Basto aquando da sua segunda visita.
Ó Funchal! Que tristes dramas se têm passado à luz do teu sol benéfico! Que lustrosos desenlaces de tantas histórias de paixões! Que de lágrimas ardentes caídas no teu solo sequioso, que se apresse a escondê-las discreto! E à sombra das tuas árvores quantas fontes escaldando de febre vergaram sob o peso da cruel melancolia!
Ilusões desvanecidas, esperanças desfolhadas, sonhos de amor, de glória, de felicidade, dos quais se desperta à beira do túmulo, tudo tens presenciado, ó humanitária cidade! E debaixo dos cedros e ciprestes dos teus cemitérios dormem o último sono muitos mártires, sem que as lágrimas dos que os amaram lhes caiam na campa como tributo.
Daí vem a simpatia e tristeza que inspiras. As tuas virtudes como irmã de caridade que consagra os dias ao cumprimento de uma missão cristianíssima, brilham entre cenas e espectáculos de desolação e de dor.
Este carácter da cidade avulta aos primeiros passos dados no interior dela. O viajante cruza-se a cada momento com certas figuras pálidas, emaciadas, pensativas, marchando lentamente, ou transportadas em redes, encontra-as nos assentos dos passeios em ociosa meditação, ou fitando melancolicamente as ondas que se sucedem na praia; são ingleses cadavéricos, alemães diáfanos, portugueses descarnados, brasileiros, norte-americanos, russos; são velhos, adultos, crianças, vaporosas belezas femininas de toda a parte do mundo, todos a convencer-nos de que estamos na cittá dolente, mas no pórtico desta não se lê gravado o dístico desesperador que o poeta inscreveu no da região das tormentas eternas. Pelo contrário, à entrada aqui revestem-se de esperança os próprios condenados.
Para que a Madeira nos sorria, para que nos apareça formosa como a descreve o poeta inglês e fragrante como uma verdadeira flor do Oceano, é necessário sair do recinto da cidade, procurar as freguesias rurais, subir as íngremes ladeiras que costeiam os picos e espraiar então a vista pelos formosíssimos vales que vão descobrindo o seio fecundidíssimo aos nossos olhos. (…)
Júlio Dinis
Funchal: Roteiro histórico turístico da cidade. Funchal: Câmara Municipal do Funchal, 2004. p.175-176