Quarta-feira, 04 de Junho de 2008

 

 

“Olhamos para terra e temos diante de nós o maravilhoso anfiteatro do Funchal que se eleva até mil e tantos metros e onde, sobre um fundo contínuo de verdura, se espalham por toda a parte as casas; em baixo a aglomeração mais densa da cidade e pela encosta acima, por toda a parte, mais dispersas, as casinhas alvíssimas da Madeira que já fomos encontrando pelo caminho ao longo da encosta e tornaremos a ver seguidamente, povoando em aglomeração densíssima a ilha toda, durante todo o tempo que ali estivermos.

Desembarcamos, demoramo-nos uns dias, percorremos a Ilha em passeios de encantar e ficamos avassalados pelo charme inconfundível que se já nos captara de entrada a continua a enlear-nos sempre até à partida.

De princípio entregamo-nos inteiramente a esse sortilégio, sentimos-lhe apenas a intensidade espantoda e não analisamos.

Depois, agora mais a frio, procuramos descobrir quais os elementos de que esse charme se compõe e rapidamente os encontramos.

Em primeiro lugar, os planos mais próximos dos nossos olhos estão cheios de motivos que nos atraem imediatamente, já pelo curioso, já pela beleza que contêm. Vemos uma ou outra rapariga, composta com os trajes regionais de cores intensas, arranjo já artificial para exposição turística, mas sempre belo pela riqueza do colorido. Pelo campo vemos homens com barretes castanhos ladeados de pestanas ponteagudas de vilão e tudo isso nos interessa. Encontramos constantemente os trenós de patins de madeira – as típicas corças – que se usam para carrear lenha, fardos ou barris. Vemos amiúdas vezes homens a transportar aos ombros o vinho em odres de forma arcaica. Topamos depois as casas de tecto de colmo, descobrimos que as espigas de milho secam ao sol penduradas em árvores e tudo isso são motivos novos que nos prendem os olhos.

Os carros de bois sobre patins de madeira, guiados por homens com chapéus redondos azuis e brancos, os cestos em que descem da montanha em rápida corrida ... Ler mais  [PDF] 35,4 Kb

 

 

Imagem:

MILES, Cecil H. - Glimpse of Madeira. London: Peter Garnet, 1949.

Texto:

SANTOS, Carlos – Ilhas e maravilhas: apontamentos duma viagem à Madeira e  Açores.  Lisboa: [Tip.Ideal], 1949.  P. 11-14.



publicado por BMFunchal às 10:34
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