Quarta-feira, 09 de Janeiro de 2008

 


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Carlos Martins nasceu na freguesia da Sé, Funchal, a 7 de Abril de 1909. É filho de João de Freitas Martins, comerciante, e de D. Clementina Bela Barreto Camacho de Freitas Martins.

 

Em 1921, aos 12 anos de idade, devido à sua já manifesta rebeldia, o pai envia-o para Lisboa, para um colégio na Figueira da Foz. Passado algum tempo foge e é posteriormente internado noutro colégio: o Colégio Vasco da Gama.

Em 1922, segue para Londres e Manchester onde esteve internado em colégios de Jesuítas. Depois foi para Berlim e Hamburgo onde esteve 2 anos.

Em 1926 regressa à Madeira depois de ter feito uma viagem pelo mundo.

Aborrecido com a pacatez da ilha e com o facto de, aos 17 anos, o pai controlar as suas saídas, seguiu para Angola onde trabalhou como motorista de camião de carga, profissão que lhe proporcionou conhecer o país e dedicar-se ao seu passatempo preferido: a caça.

 

Em Angola, aos 19 anos, conheceu e casou com a filha de um dos mais ricos proprietários do Sul de Angola com quem regressou à Madeira. Um anos depois voltou a Angola. Divorciou-se e regressou à Madeira de onde partiu para Lisboa, ingressando em 1932, na “Polícia Internacional Portuguesa”. No espaço de seis meses foi promovido a agente de 1ª classe.

 

De regresso á Madeira foi proprietário de uma traineira denominada “Pioneiro”. Comandou clandestinamente, uma vez que não tinha carta de Capitão, barcos de pesca às Ilhas Selvagens.

 

Voltou a Berlim onde casou pela 2ª vez com uma alemã de quem se divorciou três meses depois. Casou pela 3ª vez com uma norueguesa de quem se divorciou quatro meses depois.

 

Em 25 de Novembro de 1938, quando passeava pelas ruas do Funchal no seu cavalo, foi achincalhado por uns marinheiros e oficiais alemães. Indignado com a ofensa, ripostou agredindo-os fisicamente. Foi preso e, cinco dias depois, partia a caminho do exílio na Ilha da Trindade no navio holandês: “Simon Bolívar”.

 Na nossa pesquisa nos periódicos regionais desta data (O Jornal e o Diário da Madeira) não encontramos qualquer alusão ao incidente. Encontramos, sim, referência ao embarque de 23 madeirenses no navio “Simon Bolívar” para o Curaçau para lá trabalharem a contrato.

A notícia deste incidente foi publicada a 9 de Dezembro de 1938 no jornal londrino: “Cavalcade” intitulada: “Um D. Quixote afronta a cultura nazi.”

Na Ilha de Trinidade trabalho numa fábrica de aguardente e casou, pela 4ª vez, com uma inglesa de quem se divorciou 42 dias depois.

 

Devido ao clima quente, regressou à Madeira.

O incidente com os alemães deixara mazelas. O sucesso do negócio de navegação do seu pai – cuja clientela era mormente alemã, impediu-o de exercer a sua actividade anterior.

 

Na Madeira, quando eclode a Segunda Guerra Mundial, Carlos Martins encontrava-se hospedado no hotel Savoy e, por essa altura, tinha a seu encargo a sua filha Nekas. Achando pouco conveniente ter a sua filha num hotel, interna-a num colégio.

 

Segundo o escritor, ficou a dever-se a Nekas o empurrão para a escrita.

 

 Continuou com a vida boémia. Segundo Luís Marino, o seu cadastro policial conta com mais de meia centena de prisões por embriaguês e desordem.  

 

 

Durante dois anos esteve sequestrado  no “Manicómio do Trapiche” de onde se evadiu serrando as grades com as cordas da viola. Foi capturado e esteve 30 dias no “Segredo”.

 

Casou pela 5ª vez com uma madeirense de quem se divorciou oito meses depois.

 

Viveu durante muitos anos na Quinta Monteverde, Monte. Na calma desta quinta, deixou os excessos da juventude para trás e viveu uma vida pacata, lendo, escrevendo e tocando piano. Era um amante de música clássica.

Na entrevista a Luís Calisto afirma não ter arrependimentos do seu estilo de vida:

 “ Amei, comi, bebi, diverti-me, estou satisfeito”.    

 

 

Usa o pseudónimo de Solrac e de Montesaudade.

Colaborou na imprensa nacional e regional:

Correio das ilhas; Agora; Gazeta do sul; Comércio do Funchal; Voz da Madeira; Diário da Madeira; Eco do Funchal; Jornal da Madeira e revista Madeira ilustrada.

 

 

Nos finais da sua vida, vivia com dificuldades financeiras pelo que o então Secretário de Educação – Dr. Brazão de Castro, sabendo do facto, lhe atribui um subsídio.

 

Antes de morrer havia dito: “Proíbo terminantemente que a minha morte seja anunciada ou noticiada e que, ao ir a enterrar, ao meu cadáver se juntem acompanhantes, que pelo caminho, quer no cemitério; condeno semelhante fantochada.”

Faleceu a 25 de Janeiro de 1985. Se a sua vontade foi satisfeita, não houve notícia.

 

 

Bibliografia

 

Se eu tivesse casado contigo...: romance. Funchal: Eco do Funchal, s.d.

Madeira mar de nuvens. 2ª ed. Funchal: s.n., 1972. [PDF] 619kb

O grande amor da Irmã Elsa. Funchal: Câmara Municipal do Funchal, 1980.

A grande paixão do padre Abel Caim: romance. Funchal: s.n., 1968

A mulher que o diabo me ofertou. Funchal: s.n.,1975

As figuras de proa do "Marco Wanda". Funchal.s.n, 1977. [PDF] 271kb  

 

 

 

 

Por editar ficaram algumas obras:

Corações em ruínas; O filho proscrito; O pacto de Evaristo com o Diabo; Gente sombria numa ilha de sol; Monteverde.

 

 

Além destas obras, deixou alguns folhetins e contos radiofónicos que estava disposto a oferecer para serem editados.

 

 

Biografia consultada

CALISTO, Luís – Cavalgadas boémias em mar de nuvens: a vida fascinante do estoina mais famoso da Madeira: o escritor Carlos Martins. Diário de Notícias. 15 Maio 1983. p.5,7,10

CALISTO, Luís – Um abraço Carlos Martins!. Diário de Notícias. 26 Janeiro 1985. p.14.

MARINO, Luís -  prefácio a A grande paixão do padre Abel Caim. Funchal: s.n., 1968.

MARTINS, Carlos - Notas à 2ª edição de Madeira, Mar de nuvens de 1972.

 



publicado por BMFunchal às 19:15
Terça-feira, 08 de Janeiro de 2008

Cumprindo o programa das comemorações dos 500 anos do Funchal, foi lançado no passado dia 04 de Janeiro o livro Guia dos Museus do Funchal, da autoria de Francisco Clode de Sousa. 

Sobre este livro poderá ler-se:

 

“Ao comemorar, em 2008, o quinto centenário da sua elevação a cidade, o Funchal recorda o passado de que se orgulha, vive intensamente o dia-a-dia e deseja que a festa reflicta a concretização das legítimas aspirações dos seus cidadãos.

As sociedades que não são capazes de se reinventar pela arte e pelo conhecimento depressa soçobram e as que não sabem preservar a memória não podem esperar que o futuro as reconheça. Resultado de trabalho, inteligência e sensibilidade, o livro permanecerá como o melhor testemunho destas comemorações.”

 

Para saber mais sobre os eventos das comemorações dos 500 anos vá a http://www.funchal500anos.com/

 



publicado por BMFunchal às 16:46
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